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Calçado tonificante


Finalmente jornalismo decente, o calçado tonificante ganhou cota no mercado de uma forma estrondosa, contrariando o jornalismo do copia e cola/pega (Copy & Paste), o jornal Expresso apresenta um bom artigo da autoria de Catarina Nunes:




O altifalante do El Corte Inglés em Lisboa convida os clientes a deslocarem-se ao piso dos artigos desportivos. O chamariz são os ténis EasyTone, que prometem tonificar os músculos das pernas e das nádegas e em cujo lançamento a Reebok está a investir 1,3 milhões de euros em Portugal.

Se neste momento a marca aposta em Portugal, no Reino Unido a campanha publicitária do EasyTone foi suspensa esta semana pela entidade reguladora da publicidade. A Advertising Standards Authority considerou que não há provas de que andar com estes ténis calçados tonifique mais as pernas e as nádegas do que os modelos normais.

Nos Estados Unidos, o calçado funcional também já foi chumbado. O American Council on Exercise examinou os EasyTone, mas também os modelos Shape-Ups e MBT, e concluiu que não há provas que confirmem que estes modelos queimem calorias ou melhorem o tónus muscular. Em Portugal, a Deco - Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores não tem registadas queixas contra este tipo de calçado. As marcas detentoras destes modelos, por seu lado, defendem-se com os seus próprios estudos.

Crescer a três dígitos


Até agora, os EasyTone venderam em Portugal cerca de 25 mil pares e apresentam crescimentos superiores a três dígitos. "É um fenómeno normal para um produto com grande potencial. A partir de agora, a curva de crescimento será mais suave, atingindo a maturidade em um ou dois anos", explica Alain Raoul, diretor de marketing da Reebok Portugal. Este responsável escusa-se a revelar o peso do EasyTone no negócio da Reebok, salientando como mais importante a aproximação às consumidoras femininas. As apresentadoras de televisão Cláudia Semedo e Vanessa Oliveira e as figuras públicas Cláudia Jacques e Vanessa Martins são quatro das mulheres portuguesas escolhidas para a divulgação dos EasyTone. Curiosamente, as duas apresentadoras de televisão são também as escolhidas pela FitFlop, outra marca com este posicionamento.

Ao contrário dos EasyTone, que nascem dentro de uma marca de desporto, os FitFlop são a resposta de uma empresária/ mãe/dona de casa canadiana, que procurava uma versão abreviada do treino de ginásio. Em 2007, Márcia Kilgore lançou os FitFlop, cujo princípio de conceção não difere muito das restantes marcas que prometem enrijar pernas e rabos. A sola tem um determinado grau de instabilidade que alegadamente obriga os músculos a um esforço adicional para a pessoa se manter em equilíbrio.

Em Portugal venderam-se até agora perto de 10 mil pares de FitFlop, para um total de 8 milhões vendidos a nível mundial. "A marca foi lançada em Portugal no ano passado, mas só agora começámos a vender uma coleção completa, a primavera/verão 2011", explica Roger Esquerda, responsável da Megasport, empresa espanhola que representa a FitFlop na Península Ibérica.

Inspiração na tribo Masai


A MBT (Masai Barefoot Technology) tem um argumento de venda mais elaborado. Partiu da observação da forma de caminhar da tribo Masai (Quénia) para concluir que os humanos precisavam de algo que simulasse o andar descalço. Criou, em 1996, o que apelidou de antissapato, que além de um regresso às origens permite tonificar os músculos e ajudar a queimar calorias.

A marca só abriu a primeira loja em Portugal em 2008, mas neste momento está presente em sete lojas próprias e 20 espaços multimarca. A MBT investiu até agora um milhão de euros no lançamento em Portugal, mas escusa-se a revelar quantos pares vendeu, referindo apenas um número ibérico (230 mil pares) e estimativas de crescimento para este ano (+50%).

Já os Shape-Ups nasceram dentro de uma marca de calçado desportivo (a Skechers) e encontraram no segmento tonificante uma via para ganhar negócio. "A Skechers encerrará o ano com um crescimento de dois dígitos no global, para o qual contribui decisivamente o desempenho da linha Shape-Ups", avança Javi Gutiérrez, responsável de marketing e relações públicas da Skechers para a Península Ibérica, salientando o crescimento exponencial da procura em torno desta categoria de produto. Este responsável, porém, não revela os números das vendas em Portugal.

Segundo Jason Asaeda, analista da Standard & Poor's, citado pelo "MarketWatch", esta categoria de produto continua a crescer nos mercados internacionais, mas está a perder terreno nos Estados Unidos.


Original em:


expresso.pt

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